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sábado, 20 de fevereiro de 2010

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Você sofre da "síndrome de sábado à noite"?

Síndrome de sábado à noite: mulheres se sentem mais solitárias?

Longe das cenas animadas do seriado “Sex and The City”, as mulheres de 30 e poucos anos, solteiras ou recém-separadas, sofrem bastante aos sábados à noite. Anderson Xavier, psicólogo e psicoterapeuta do Instituto de Saúde Cognitiva, em São Paulo, diz que é muito comum as pessoas entrarem em uma crise neste período ou sentirem uma tristeza maior nas noites de final de semana. “O bom seria que estas pessoas estivessem motivadas com os dias de folga, mas não é isso que acontece”, diz.

Caso 1
Fernanda Emmerich, 31, mora há um ano em São Paulo e há dois está sem namorado. A gerente de investimentos veio de Florianópolis para a capital paulista e raramente sai nos finais de semana. “É difícil encontrar um lugar com pessoas da minha idade. Geralmente, nas baladas, encontro garotada ou gente muito mais velha do que eu”, diz. Ela resolveu, então, apostar nos passeios diurnos. Acorda cedo, vai parar a academia ou caminha em algum parque. “Sábado à noite, alugo um filme ou vou para a casa de meus pais no litoral”. Fernanda diz que quase todas as suas amigas estão casadas ou têm namorados. Apesar dos momentos de solidão, ela diz que ainda não atingiu seus objetivos profissionais. “Preciso viajar e não teria tempo para a minha família. Daqui a cinco anos, ou até antes disso, quero casar, ter filhos, mas não penso em parar de trabalhar.”

O psicólogo diz que muitas mulheres na faixa dos 30, principalmente de classes com maior poder aquisitivo, priorizam os estudos e o trabalho e, de uma hora para outra, se dão conta da passagem do tempo, da falta de um namorado e sentem solidão. “O ser humano vive de modelos. Se esta pessoa morasse em uma comunidade em que as mulheres de sua idade não fossem casadas, elas não iriam se deprimir. Mas no Brasil, com mais de 30 ou 35 anos, a conclusão que muitas mulheres chegam é de que há algo de errado em suas vidas”, diz Anderson. “Mesmo sabendo a razão de seu sofrimento, muitas pessoas não conseguem sair sozinhas da situação. Neste caso, é importante procurar a ajuda de um psicólogo para aprenda a manejar as variáveis de sua vida”, completa.

Caso 2
Mariana Nassif, 30 anos, criou algumas alternativas para escapar da “síndrome do sábado à noite”. “Aprendi a fazer as unhas em casa, coloco as contas em dia, faço hidratação no cabelo, separo roupas, arrumo fotos, cozinho, tudo com música”, explica. Solteira pela primeira vez em quatro anos, ela diz que aprendeu a conviver com a solidão e que hoje vê aspectos positivo em passar um sábado sozinha. “Existe a liberdade de você poder fazer o que quiser, com quem quiser, sem ter que depender da vontade de um namorado”, afirma. Mas ela confessa que não fica indiferente à vinheta do programa “Zorra Total, que passa aos sábados à note da Rede Globo. “É só começar aquela musiquinha para dar vontade de sair, mesmo que seja pra dar uma volta com o cachorro! Porque mais triste do que estar sábado à noite sozinha é não ter absolutamente nada melhor para fazer do que ver um programa infame, com aquelas risadas previamente gravadas. A vida merece uma alegria mais consistente, não?”.

Para a psicóloga Mara Suassuna, de Goiânia, mulheres com problemas de autoestima estão mais suscetíveis a se sentirem deprimidas no sábado à noite. “Quando a mulher não possui amor próprio, se sente insegura, ela tende a se isolar, a não procurar os amigos ou conhecer novas pessoas com medo da rejeição. Assim, ela acaba ficando sozinha em casa e deprimida”, detalha. “As pessoas estão mais seletivas e isoladas. É preciso lembrar que a vida é uma via de mão dupla. Você precisa se relacionar com as pessoas para que elas se aproximem de você.”

Caso 3
Janaína Bispo, 33 anos, garante que não é uma mulher deprimida. “Ao contrário: sou muito alegre”, afirma. Porém, é impossível, na opinião dela, não se entristecer ao se perceber só em uma noite livre. “Não necessariamente eu preciso de uma companhia masculina para me sentir bem, mas é claro que não seria nada ruim ter um namorado”, diz. Ela terminou um casamento há três anos. “Não sinto falta dele. A separação foi a melhor decisão para nós. Mas fico me perguntando o que há de errado comigo”. E reclama que seu histórico de relações não é o mais animador. “Quando encontro alguém interessante, não sou correspondida. Se aquele antigo ditado fosse verdadeiro, que diz que quem não tem sorte no amor tem no jogo, eu estaria milionária”, brinca. A saída dela é bater papo na internet. “Eu me divirto muito. Mas, depois que desligo o computador para ir dormir e está aquele silêncio em casa, me bate uma certa angústia.”

Rosilene Cerqueira, membro do conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, faz um alerta: nem toda tristeza pontual deve ser encarada como uma síndrome ou patologia. “Existe uma tendência hoje em tornar algo normal, como a tristeza, em doença. Se a mulher está triste porque vai passar a noite do sábado em casa, isso não significa que ela precise de ajuda médica. O sofrimento faz parte da vida”, afirma. Para ela, só se deve lançar mão de ajuda quando a tristeza não tem razão específica. Se a mulher se sente deprimida por um motivo claro, ela não deve procurar ajuda profissional. “Um ombro amigo funciona muito melhor nessa hora.”

Vivian Retz e Núbia Tavares, especial para o iG São Paulo | 06/02/2010 08:27

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