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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Meninas...



Livro orienta pais que querem proteger suas filhas.

"O Que Está Acontecendo com Nossas Garotas?" analisa o papel das meninas na cultura atual e ensina como pais podem lidar com elas.
Meninas precoces: o que os pais podem fazer para proteger suas filhas?

"O Que Está Acontecendo com Nossas Garotas?" (Editora Novo Conceito) é a pergunta que intitula o novo livro da britânica Maggie Hamilton, lançado recentemente no Brasil. Resultado de uma pesquisa de campo feita pela escritora, professora e articulista ao longo de dois anos, o livro procura respostas e oferece soluções para proteger as meninas do que a autora classifica como uma "superexposição e supersensualização" promovidas pelos meios de comunicação e pela sociedade atual.
Nascida na Inglaterra, aos 10 anos Maggie mudou-se com a família para a Nova Zelândia, onde experimentou a vida próxima à natureza e as ansiedades pré-adolescentes de adaptar-se a um local diferente e costumes novos. Em entrevista ao Delas, ela explica como reconhecer a superexposição em uma garota e sugere maneiras para abordar o problema e proteger sua filha.

iG: Nos dois anos que você passou pesquisando para compor este livro, teve alguma história que foi mais chocante?
Maggie Hamilton: Ouvi muitas histórias tristes e perturbadoras. Acho que a mais pungente foi a de uma garota de 16 anos que tinha problemas com bebida alcoólica. Às vezes, depois de uma bebedeira, ela perdia a consciência. Quando voltava a si, ela frequentemente descobria que tinha feito sexo. Algumas vezes ela conhecia o cara, outras vezes era um completo estranho. Antes de começar esta pesquisa, eu não sabia de 95% do que está no livro, porque a cultura adolescente é muito diferente, muito dissimulada e muda muito depressa. Os pais odeiam saber disso, mas este é o mundo em que suas filhas estão crescendo. Se eles preferem ignorá-lo, fazem com que suas meninas fiquem muito vulneráveis. Nem todas as meninas estão "fora dos trilhos", mas como nós vivemos hoje em uma cultura de performance, se torna legal correr riscos e contar vantagem para o maior número de pessoas possível. As meninas precisam saber que este não é o caminho para a felicidade e para a realização.

iG: Quais as memórias que você tem desta fase?
Maggie Hamilton: Eu tive muita sorte de crescer em um lar cheio de livros, ideias, com muito espaço para a criatividade e expressão. Meus pais eram muito claros quanto aos limites, no entanto. Por nossas vidas serem tão ricas em termos de experiências, nunca senti as regras como uma restrição. Eu nasci no norte da Inglaterra e vivi lá até os 10 anos, quando fomos viver na Nova Zelândia - um movimento de "viver cercado pela família" para a experiência de ser um migrante, que tem seus desafios: ser perseguida como a "de fora", querer desesperadamente se encaixar. Mesmo assim, havia uma empolgação pelo novo mundo a explorar.

Maggie Hamilton: o canal de diálogo com as filhas deve estar sempre aberto
iG: Baseada em sua experiência, o que você recomenda aos pais que querem proteger suas filhas?
Maggie Hamilton: Esta é a geração da informação. As filhas não dependem apenas dos pais ou professores para se informar. Então é importante perceber que, se você não tiver as conversas que precisa ter com as meninas, elas vão procurar as informações em outro lugar - na internet, nos meios de comunicação, com as colegas. Como elas estão expostas a tanta coisa, os pais precisam ter as conversas difíceis mais cedo, ajudando-as a fazer boas escolhas. A linguagem é importante, você não pode ser antiquado. Então, não adianta encorajá-la a dizer aos amigos (que façam uma proposta ligada a drogas ou bebida, por exemplo): ‘Eu quero me respeitar’. Mas ‘Olha, desculpe, vai nessa, mas não me inclua; esse não é meu lance, obrigada’ é uma abordagem que ela vai entender melhor. É importante que você e sua filha tenham uma comunicação contínua. Se há dificuldades em trazer um assunto à tona, faça um comentário casual sobre algo que tenha acontecido com uma celebridade. 'Não é triste o que aconteceu com a Fulana?' é uma boa forma de introduzir uma conversa.

iG: E o que você recomenda que os pais não façam?
Maggie Hamilton: Meninas desta geração não querem sermões. É o jeito mais rápido de torná-las fechadas. As conversas difíceis devem ser trazidas à tona de forma natural, quando todos estão relaxados - numa caminhada ou tomando um café, por exemplo. Assegure-se de não dizer que tudo que as amigas dela fazem é besteira. E não tente ser a melhor amiga delas.

iG: Como os pais podem detectar quando suas filhas estão sob perigo?
Maggie Hamilton: As garotas que estão superestimuladas ficam facilmente entediadas, não conseguem se concentrar e estão sempre atrás de diversão. Meninas superexpostas são compulsivas por compras. Num dia, elas dizem que vão morrer se não conseguirem ter aqueles jeans ou aquela bolsa. No dia seguinte, estão desesperadas por alguma outra coisa. As meninas sexualizadas precocemente o apontam através das roupas e dos comportamentos, avançados para a idade. Esta última, em especial, é a mais difícil para os pais admitirem, pois eles não querem ser chatos ou antiquados, ou então porque eles se cansaram de brigar com suas filhas. A prova de fogo aqui é se sua filha está pronta para lidar com uma situação sexual, que ela pode ou não ter provocado. Pode parecer dramático pensar nisso, mas é bem pior ouvir os incontáveis relatos de professores, orientadores, psicólogos e funcionários dos departamentos de emergência dos hospitais - que, depois, têm de lidar com as consequências de uma situação que já aconteceu - porque os pais nunca sabem de tudo que está acontecendo com suas filhas.

iG: Você acha que há diferenças entre países em relação a esta "cultura de superexposição"?
Maggie Hamilton: Com a nossa cultura globalizada, as crianças experimentam as mesmas influências - o poder avassalador de campanhas multimilionárias de publicidade, os mesmos seriados de televisão, os mesmos filmes e celebridades. A cultura pop se tornou a influência soberana e colocou os pais em segundo plano. E está apagando rapidamente as diferenças que existem entre os países.

Clarissa Passos, iG São Paulo 13/02/2010

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