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37 anos. CA de Mama em 2008. A CURA está dentro de mim.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A voz que vem do coração...

Considero a intuição um dom de Deus.
Por isso, achei interessante este texto.



Hoje quero falar da intuição – que é considerada um atributo feminino. Primeiro, vamos esclarecer que intuição é da natureza humana, não só das mulheres. Todos viemos com isso! Por que se fala tanto da intuição feminina, então?

Porque, veja, os homens são educados e treinados pra a competição, o que já os obriga a prestar atenção no outro pra chegar primeiro na caça, na fêmea, no alvo. Sua vida é orientada a ser quase uma linha reta ascendente e racional, lógica, estratégica e objetiva. O subjetivo fica preterido.

A mulher tem este aspecto intimista e circular mais desenvolvido em sua psique por sua própria natureza, mesmo porque há um ciclo biológico ali instalado e funcionando: ovula, incha, enlouquece um pouco, menstrua, passa. Ou engravida, gera vida dentro. Por isso estamos mais acostumadas com sinais internos.

Intuição é uma percepção sutil e anterior ao fato vivido. Como se soubéssemos antes de pensar. Jung, um profundo analista da psique, afirma que o inconsciente capta a informação antes da mente – daí as premonições, sonhos e visões antecipatórios. A voz da intuição vem como um sussurro, um sopro no ouvido, aquela seguradinha na blusa para impedir o movimento ou o empurrão que faltava para completar o gesto.

Hoje em dia, com a mulher mergulhada também no mercado de trabalho, ficamos mais afastadas da escuta dessa voz interna. Passamos o dia todo atentas à voz que manda, decide, opina e acerta. Decisões no trabalho, embates com colegas, prazos estrangulados. Como se não bastasse, em casa a vida prossegue sob nossa batuta – e de nós depende a afinação da imensa orquestra composta pelos filhos, por ajudantes da lida doméstica, o açougue, o seguro, o dentista. Sem esquecer (jamais) da depilação, ginástica, gineco e quetais. E eu aqui, falando da escuta atenta à voz que cochicha...

Pois falo mesmo e insisto nessa. Acumulamos funções, é verdade. Também é verdade que temos recursos pra isso, conseguimos ser multimídias porque conseguimos ser multi. Essa é a diferença – nossa orientação não é linear, é circular. Vivemos bem os períodos para o fundo, todos os meses. Pois é bem ali que podemos escutar o mais profundo, ali onde habita o silêncio, porque é preciso lembrar que a intuição é o sussurro que vem do coração. Não da mente, nem da razão.

É uma espécie de sensação. Não vem calçada em motivos. Vem, simplesmente vem. Uma resposta, uma direção. Aparece em forma de eu-sinto-que-devo, algo assim forte e indefinido, uma decisão do além – ou do aquém. Sem argumentos nem razão nenhuma aparente. Resta-nos escutar e obedecer. Nada fácil este trajeto todo a despeito da razão.

Uma vez, havia combinado um réveillon na minha casa de Campos de Jordão com minhas crianças, mais uma amiga com o filho. Lugar e companhia perfeitos. Pois na hora de arrumar as malas, fui tomada por um cansaço, uma moleza imensa, um impedimento concreto em mim. Tive que ligar pra amiga e desmarcar – eu simplesmente não queria arrumar as coisas pra ir. No dia 2 de janeiro, numa tempestade de verão, um raio caiu sobre o quarto onde dormiriam as quatro crianças, incendiando a casa toda. Então, pois é.

Lúcia Rosenberg, 12/7/2010

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