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37 anos. CA de Mama em 2008. A CURA está dentro de mim.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Dor e cura no mesmo lugar...


Gosto muito dos artigos da Lúcia.
Este, especialmente, tocou-me porque acredito que a CURA é encontrada exatamente onde reside a DOR. Desejo que você aproveite e, talvez, concorde. Procuro, desde que passei por toda tempestade do câncer em minha vida, corrigir-me norteando minhas atitudes através dos meus erros. São eles que ensinam a viver diferente escolhendo caminhos distintos dos já tentados (e, fracassados). Por isso, é difícil, mas extremamente gratificante, ANDAR PRA FRENTE. Temos que caminhar com a ESPERANÇA de que o melhor está acontecendo e que o futuro a Deus pertence. O AGORA É DA MINHA RESPONSABILIDADE. E eu desejo ser feliz.

Desculpem minha falta na semana passada. Passei os últimos dias de repouso,por conta de uma dor que me fez refletir a respeito do assunto. Uma dor extensa, dos pés à cabeça, praticamente, que nada é pontual quando se trata de dor. Somos muitas partes unidas num todo e uma coisa implica outra, o equilíbrio desse todo depende de cada parte e acaba sendo quase um dominó.

Nenhuma dor dói só, sem mais nada – só a dor do parto, essa sim, absolutamente pontual. Entre uma contração e outra, nada, é uma pausa pra respirar fundo e descansar. Dá pra contar casos, fazer graça e se preparar pra próxima. Incrível como dor de parir não magoa o corpo, não reflete nem se espalha: vem, faz o que tem de fazer e passa, mas não tem como esperar que seja coisa pouca: é mesmo tão forte quanto explodir uma vida.

Não é fácil sentir dor. O corpo não sabe como reagir a ela, já que buscamos o equilíbrio e o bem estar e todo o organismo funciona nessa direção. A dor contrai, traz um espasmo – tem gente que rola de dor, que grita, que fica gemendo e se embalando. Tem quem fica bravo, irritado, intratável. Há os que regridem e viram bebês entregues e rendidos aos cuidados de quem for, na esperança da remissão da dor-castigo.

Pra essas pessoas, a dor é como um inimigo a ser debelado e extinto, um invasor. Não é verdade, a dor não vem de fora, ela vem de dentro e é um alarme, não um adversário. É a dor que sinaliza que algo não vai bem. Importa perceber e compreender sua origem, o nascimento e o caminho dessa dor, seus reflexos e metáforas.

Somos mais do que esse corpo material e palpável – esse é só o físico. Tem o intelectual, que também não se vê, mas que se revela em textos, verve, prêmios e produções. O lado espiritual aparece na fé, nos gestos e rituais que criamos, naquilo que cremos e reverenciamos, no que apazigua o coração. Nosso psicoemocional também é um forte aspecto diferenciador de cada pessoa – e ninguém enxerga, como enxerga nosso corpo. O lado psicológico aparece em nossas reações, sentimentos, impulsos, no olhar, no sorriso, nos pesares.

Por isso, atenção nas dores – elas podem trazer notícias de outros reinos além do físico. Pode ser dor de alma, dor de amor, de fadiga mental, de traições internas, de estafa. Aspectos sutis que foram destratados, despercebidos e machucados. Desatenções internas, deslealdades, limites ultrapassados, amputações e mortes de aspectos habituais que precisam seguir o fluxo da vida – tudo pode virar dor física e cada dor traz uma mensagem importante dos nossos dentros e fundos. E, na compreensão da mensagem, a cura.

Cuidar da dor é melhor que simplesmente extirpá-la. Não faço nenhum manifesto masoquista, não. É pra lamber as feridas, tomar remedinho, canja, cuidado e tenência! Como uma zeladora – nem soldado nem vítima. Só quem fica doente pode sarar, dizia minha mãe. Pausa no trabalho, recolhimento, ninho, livro, carinhos, atenção. E logo o delicado equilíbrio dinâmico e mutável volta.

Lúcia Rosenberg

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