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37 anos. CA de Mama em 2008. A CURA está dentro de mim.

terça-feira, 23 de março de 2010

Beleza do corpo e da alma...





Nascemos e morremos.
Entre os dois, toda uma vida de prazeres, mistérios e importâncias diferentes. Sabemos que o tempo passa e que o corpo muda. Em cada fase há um novo equilíbrio, que gera a saúde e a beleza do corpo e do organismo. Mas as meninas nunca sabem o que fazer com suas formas quando elas são inauguradas e as mulheres também não conseguem acolher os novos contornos trazidos pela maturidade.

Mas, afinal, o que é que buscamos encontrar no espelho? Quem é que buscamos encontrar ali refletida? Por que o que vemos nos faz marcar uma consulta no cirurgião plástico? Que corpo é esse que serve aos olhos apenas como vitrines? Pior, fazem-se manequins siliconados segundo padrões aleatórios e impostos. Novas formas estas que nem sequer servem ao prazer, pois, segundo pesquisas recentes, ainda é muito baixo o número de mulheres que chegam ao orgasmo na transa com o parceiro.

E o que foi feito da alma? O que está acontecendo com a tal revolução sexual? Onde foi parar a liberdade feminina? Parece que mudaram a cara do dono, apenas. Hoje, as mulheres se submetem ao espelho, aceitam ser devotas do photoshop que cria deusas perfeitas e obedientes à mídia, que dita os pesos e as medidas. E lá vai uma horda de mulheres inteligentes, esclarecidas e modernas atrás das formas “ideais”.

O espelho é o novo imperador, o algoz de todo dia. A preocupação com a imagem está tomando proporções insanas e o resultado disso não poderia ser outro que o DISTANCIAMENTO DA PRÓPRIA ESSÊNCIA. Os olhos perseguem os “defeitos” que nada mais são do que aquilo que é diferente da imagem ideal e buscam, mais que corrigi-los, eliminá-los. As voluptuosas acabam retalhadas e aspiradas, as magras aumentam as medidas, as morenas fazem luzes, os cachinhos ficam chapados.

E os consultórios enchem-se de mulheres perdidas de si, sem nenhuma autoestima, crentes de que, no fundo, não servem. Nesta lógica, a adequação é que salva, não a espontaneidade. Coisa antiga, semelhante ao mito do leito de Procrusto, da mitologia grega, uma medida padrão à qual os prisioneiros deveriam se submeter e adequar – os mais altos teriam seus membros amputados, enquanto os menores seriam devidamente esticados. Pode? Um exército uniforme de mulheres loiras, cabelos longos e lisos, seios fartos, bunda grande, coxas duras e magras.

Estamos num lugar muito pior daquele em que as mulheres eram fúteis e superficiais, que só se ocupavam da massagem, ginástica, cabeleireiros e lojas. Foi contra este estereótipo que lutamos para entrar nas universidades e no mercado de trabalho há não tanto tempo assim. Hoje, literalmente, as mulheres - e as meninas, morrem por vaidade. Numa parada cardiorespiratória decorrente de complicações em cirurgias estéticas ou esvaindo-se na anorexia ou bulimia.

Meninas, eu convido a um movimento pendular mais equilibrado – nem guerrilheiras do trabalho, nem bonecas emborrachadas. E com muito, muito prazer no corpo e na alma.

Lúcia Rosenberg (Identidade Feminina) 12/3/2010

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