Finalmente, tive o grande prazer de assistir ao filme 3D (claro) e legendado no Pier 21, em Bsb, neste fds! Adorei. Muito interessante ver como o roteirista caracterizou a Alice no fim da sua adolescência, prestes a quase se casar. Ela retorna ao "Mundo Subterrâneo", isto é, antigo "País das Maravilhas" para fazer o seu papel. Nesta aventura, dá para se deliciar com as cores, movimentos, cenários, personagens, músicas... O Chapeleiro Maluco de Johnny Depp convence e diverte, mas, pra mim, a Rainha Vermelha de Helena Bonham Carter é irresistível! Muitas cabeças rolaram e eu ri demais! Só posso dizer: imperdível.
Em 1865 a primeira edição de "Alice no País das Maravilhas" foi lançada na Inglaterra, apresentando aos leitores um universo cheio de personagens curiosos, como o Chapeleiro Maluco, organizador de uma festa louca do chá, e a Rainha de Copas, monarca com predileção por decapitações. Mas de onde teria vindo a inspiração para a criação de uma história com elementos tão estranhos, como o gato que consegue desaparecer e um exército formado por cartas de baralho?
Além de referências ao contexto político da Inglaterra, como a relação entre a Rainha de Copas e a Rainha Vitória, alega-se que Lewis Carroll inspirou-se em pessoas que participavam de seu cotidiano, como Theophilus Carter, um vendedor de móveis excêntrico que é apontado como base para a criação do Chapeleiro.
Apesar de viver cercado por todas essas referências, não foi outra pessoa senão a menina Alice Pleasance Liddell, na época com apenas nove anos, quem inspirou o reverendo Charles Lutwidge Dodgson, nome real de Lewis Carroll, a criar a história.
A Alice real era a quarta filha do vice-reitor da Universidade de Oxford, Henry George Liddell, e seu primeiro encontro com Lewis Carroll ocorreu em 25 de abril de 1856, enquanto o autor fotografava a catedral de Oxford - a fotografia sempre fora uma de suas paixões. Deste encontro desenvolveu-se a amizade entre Carroll e a família Liddell - em especial Alice.
"Ele era encantado pelas meninas e Alice acabou tornando-se sua musa. Carroll foi muito criativo na relação com as crianças e adorava impressioná-las enviado a elas cartas malucas e inventando jogos de palavras, trocadilhos... Durante seu convívio ele contou dezenas de histórias a elas", diz Adriana Peliano, presidente da Sociedade Lewis Carroll do Brasil.
Alice Liddell aos 18 anos:
Durante uma travessia de barco pelo Rio Tâmisa, Carroll, percebendo o tédio das irmãs Liddell, contou-lhes a aventura da jovem Alice, que após seguir um coelho apressado encontra o estranho País das Maravilhas. Para tornar a aventura familiar às ouvintes, ele utilizou elementos do cotidiano delas, sendo o próprio coelho um exemplo disso.
"Um dos aspectos interessantes da história é que ela não surgiu como obra literária, mas de forma oral", explicou Adriana. "Quando o livro foi publicado ele acrescentou novos capítulos, personagens, deixando a obra mais complexa."
Graças a um pedido de Alice as idéias daquela tarde transformaram-se num manuscrito chamado "Alice's Adventures Underground" - "As Aventuras de Alice no Subsolo", em tradução livre - e, posteriormente, originaram as duas obras que envolvem a menina: "Alice no País das Maravilhas" e "Através do Espelho" e "O que Alice Encontrou Por Lá".
Esse manuscrito, um presente de Carroll à musa inspiradora, acabou sendo vendido por ela anos mais tarde, quando a já adulta Alice precisou de dinheiro para manter sua residência após a morte do marido. A cópia rendeu um total de £15.400 e atualmente está guardada na British Library, a biblioteca nacional da Inglaterra.
Apesar do dinheiro, ter servido de inspiração para um livro tão famoso não facilitou a vida de Alice Liddell. "A história foi criada para encantá-la, mas ela foi tragada para dentro desse contexto imaginário, mesmo sem ter nenhuma relação com os personagens", conta Adriana, acreditando que a Alice real teve de lidar com a expectativa que as pessoas tinham em relação a ela, uma pessoa comum que acabou associada a uma fábula.
Essa frustração é o ponto de partida para o livro "Eu Sou Alice", de Melanie Benjamin, publicado pela editora Planeta do Brasil. "É como se fosse um diário da Alice, onde ela fala de seus conflitos em relação à obra", revela Adriana.
Alice Liddell morreu em 16 de novembro de 1934 aos 82 anos, enquanto sua contraparte literária continua cada vez mais viva no imaginário das pessoas.
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