Para você

inspirar-se e valorizar a sua vida

37 anos. CA de Mama em 2008. A CURA está dentro de mim.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A resiliência...


O termo resiliência veio da física – é a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação. Na natureza, o bambu é a espécie mais citada em termos de resiliência, pois ele pode envergar devido a fortes ventos, mas não se quebra. Diferente de outras árvores que parecem mais fortes, com raízes grossas e copas largas, mas que tombam nas tempestades.

No sentido figurado, a resiliência também é algo muito importante de percebermos em algumas pessoas. É a capacidade do ser humano de se adaptar à má sorte ou às mudanças. São pessoas que passam por situações muito difíceis e dolorosas, mas que conseguem suportar e crescer emocionalmente com elas.

Algumas mulheres que tenho visto em meu trabalho passaram por uma situação de mudança repentina: foram deixadas pelo companheiro sem que tivessem a percepção do que estava acontecendo. E a primeira reação é negar os fatos, um jeito de suportar a dor daquilo que não se pode aceitar. No caso de uma paciente específica, a dor de estar sozinha sem ter se preparado para lutar no mundo real, cheio de adversidades.

Bom, pode-se dizer que ela não vivia na realidade, que deveria ter se preparado melhor. Talvez. Mas, neste caso, a crise só pôde ser instalada depois da perda. E foi vivenciada, em um primeiro momento, por uma forte depressão, que contribuiu para que esta mulher pudesse se conectar com seus desejos e com o que havia restado daquela mocinha cheia de planos e sonhos.

O momento de retomar a pensar no que cada um faz por si pode ser um detonador de muitos conflitos e angústias, pois trabalhamos com tantas perdas que, às vezes, se torna impossível esse resgate. Foi muito importante esta ida ao fundo do coração, esta pessoa pôde perceber que tinha uma enorme vida adormecida, e outra que havia sido depositada no objeto de amor. Quantas vezes não colocamos todas as nossas capacidades e condições a serviço do outro?

Essa mulher tinha uma enorme condição de resiliência, juntou os pedaços e viu que dentro dela brotava uma nova vida. A esperança permitiu que ela, devagar, se redescobrisse e fosse trocando a amargura da mágoa pela capacidade criativa e transformadora.

Desta silhueta quebrada começou a surgir uma mulher que tentava lutar por um novo espaço, de amor, e, sobretudo, recuperar a sua dignidade que julgava perdida. Aos 50, também é possível um novo começo de trabalho, amor e definição do que é essencial para quem nos tornamos.

A vida fica melhor para as pessoas que aceitam que as situações difíceis também podem apresentar uma forma nova de nos reconhecermos e de lutarmos por aquilo que agora faz parte de um novo repertório.

Lúcia Rosenberg

Nenhum comentário:

Postar um comentário