Amadurecendo...

As questões do amadurecimento, ou melhor, a transformação que a passagem do tempo acarreta em nossas vidas tem um papel muito importante. Convivemos com o mito da juventude como uma espécie de paraíso. Na ponta oposta, está o inferno. Talvez isso tenha origem em questões culturais, como o fato da maternidade representar o período áureo de uma mulher. Poder dar filhos ao mundo sinalizava saúde e vitalidade.

Em nossa cultura, somos constantemente bombardeados por exposições de um envelhecer quase utópico e, por isto mesmo, objeto de tantos desejos. É quase impossível as pessoas aceitarem algumas importantes modificações, não somente no físico, mas, principalmente, no psicológico e emocional.

Aprender a lidar com estas transformações pode ser um caminho bastante importante naquilo que alguns estudiosos chamam de “revisão da segunda metade da vida”. Este pode ser um encontro muito íntimo e verdadeiro, em que cada pessoa pode fazer uma reflexão do que passou e mudar o presente. Desta tomada de consciência corporal e do encontro franco com sua história é que alguns medos podem sumir, dando lugar a verdadeiras descobertas.

Na questão da menopausa, por exemplo, estamos vendo também mulheres que têm aprendido uma nova forma de lidar e se adequar às mudanças - e não estão amarguradas. Sem querer transformar esta fase numa Disneyland, percebo que pouco a pouco as mulheres têm começado a se voltar para o seu corpo de uma forma mais tranqüila - e percebendo o quanto de prazer podem vivenciar.

Existem mudanças que podem e devem ser cuidadas. Cada pessoa é única e vai descobrir que, neste novo tempo, pode ter mais liberdade, um diferente amor, buscar aquele projeto que estava guardado na gaveta. O nosso contexto histórico-social pode ser um detonador de novas experiências, desde a mulher curtindo o seu lugar de avó ou assumindo um lugar numa presidência de uma firma ou mesmo de um país. QUANDO ABRIMOS AS COMPORTAS DE NOSSAS VIDAS, DESCOBRIMOS QUE HÁ MUITO A SER CRIADO.

O PROCESSO DE CRIAÇÃO É ALGO INESGOTÁVEL, seja num trabalho de ajuda comunitária ou numa forma de expressar a arte (assisti recentemente à exposição de uma artista que tinha 83 anos e conseguia ainda transmitir luz e energia nas suas obras). Vamos, enfim, nos permitir descobrir e reavaliar em que lugar estão os nossos desejos e darmos passos em direção a eles.

Dorli Kamkhagi



Meu comentário:

Quando li este texto, não me identifiquei na meia idade - apesar de ter os meus 37 anos - mas permiti-me extrair dele o que coloquei em negrito. Isto sim é muito importante para refletirmos e praticarmos. A vida está aqui para ser transformada por nós fazendo-nos felizes, plenos.